A tecnologia tornou tudo mais prático, inclusive, tem nos ajudado muito a viver em meio a uma pandemia. Porém, nem sempre a modernidade está ao nosso favor, muitas vezes, tornando o mundo virtual em um lugar desconfortável para muitas pessoas.
As piadas com um amigo nas redes sociais são cada vez mais comuns, mas infelizmente, por trás dessas brincadeiras, aparentemente inocentes, pode haver um comportamento social cruel. E no caso das agressões envolverem crianças e jovens, o problema aumenta, podendo trazer consequências irreversíveis para o seu desenvolvimento e, em casos extremos, podendo levar ao suicídio.
Por que o bullying e o cyberbullying acontecem?
Segundo os estudiosos, o problema se deve ao baixo repertório de habilidades sociais. O que isso quer dizer? Trata-se da boa e velha empatia, que anda em falta, principalmente entre crianças e jovens por conta da sua imaturidade emocional.
Segundo Angela Marin, professora de pós-graduação de Psicologia da Unisinos, espera-se que crianças e adolescentes se tornem mais maduros emocionalmente e consigam lidar melhor com seus sentimentos à medida que se desenvolvem. “Isso possibilita que direcionem seu foco para outras atividades, dentro e fora da escola”, explica.
Na era da internet, a falta dessa empatia tende a gerar agressões ainda mais fortes. A rede oferece agilidade e um maior alcance para difamar qualquer pessoa. O agressor acredita que está atrás de uma tela e, por isso, não será descoberto, o que o torna mais ousado e impiedoso.
“O Bullying que tem sido associado à depressão e a baixa autoestima, bem como os problemas na vida adulta relacionados a comportamentos antissociais, instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros”, observa a pesquisadora.
Além disso, quando a criança já apresenta algum problema emocional na infância, ao sofrer bullying, pode agravar e até mesmo desencadear novos problemas, como transtornos psicológicos e dificuldades nos aprendizados. “Há uma associação entre quadros graves de depressão e bullying que pode levar as vítimas a cometer suicídio”, alerta a professora da pós-graduação em Psicologia da Unisinos, Angela Marin.
Segundo a pesquisa da Ipsos sobre o cyberbullying, o Brasil tem o segundo maior índice de pais e mães que dizem que seus filhos já foram vítimas de bullying na internet. Um fator muito preocupante já que a porcentagem brasileira subiu consideravelmente em relação ao último levantamento, realizado em 2016.
É possível punir
Uma grande dificuldade para a vítima do cyberbullying é reconhecer o seu agressor, isso porque, a maioria se esconde por trás de perfis falsos e contas fictícias de e-mail criadas apenas para difamar, ridicularizar e humilhar seus alvos. Uma maneira bem covarde. Mas, com os avanços tecnológicos, surgem também novas medidas de proteção às vítimas, ajudando a diminuir a impunidade.
É possível mapear as comunicações virtuais, mediante autorização judicial. “Isso ocorre muito em casos de ofensas pelas redes sociais”, exemplifica a delegada e professora de Direito da Unisinos, Elisangela Reghelin. “Os vestígios do crime permanecem, mesmo que apagado o perfil”, garante.
Ela ressalta a importância de denunciar o cyberbullying para que o agressor seja punido. “É necessário que a vítima procure a Delegacia de Polícia mais próxima e faça o registro. O registro dos casos de crimes pela internet em cartório é um importante mecanismo de prova. A vítima poderá tomar tais medidas a qualquer tempo, ainda que nem saiba a autoria das agressões”, acrescenta Elisangela.
Dependendo do grau do delito praticado na internet, a legislação brasileira prevê uma pena de até 2 anos de detenção. Já os crimes menos graves, como invasão de dispositivos, podem ser punidos com prisão de 3 meses a 1 ano, além de multa. As condutas mais danosas, como obter, pela invasão, informações sigilosas, privadas, comerciais ou industriais, podem ter pena de 6 meses a 2 anos de prisão, além de multa.
O mesmo ocorre se o delito envolver a divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, por meio de venda ou repasse gratuito, do material obtido com a invasão.
O que podemos fazer para solucionar tais problemas?
Colocar-se no lugar do outro e entender as consequências do cyberbullying pode ser um bom começo para acabar com o problema. A família e a escola têm um papel fundamental nisso. “É importante que pais e professores entendam o que caracteriza o bullying e estejam atentos às relações que são estabelecidas pelos seus filhos e alunos”, afirma Angela.
É importante que as pessoas entendam que todos têm responsabilidade pelo bullying e cyberbullying. No momento em que julgamos o outro e expomos nossas opiniões de forma pejorativa, desrespeitamos o jeito de ser das outras pessoas. Por isso, precisamos mudar as nossas atitudes para que o problema seja solucionado.
Sejamos parte dessa mudança.
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